Evelyn McHale e o mais belo suicídio da história

Renata Schmidt
3 min readDec 11, 2019

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O ano é 1947. Evelyn McHale, de 23 anos, trabalhava como contadora em uma pequena firma de gravuras em Nova York e estava noiva há pouco mais de um ano do engenheiro Bary Rhodes, com o casamento marcado para dali a algumas semanas. No dia 1o de maio ela pegou o trem de Easton para Manhatan, após passar o final de semana visitando a família do noivo. Da estação, atravessou a rua e se hospedou no Governor Clinton Hotel, onde ficou apenas o suficiente para escrever uma nota e guardá-la na carteira. De lá, se dirigiu ao Empire State Buiding e comprou um bilhete de acesso ao 86o andar.

Ela pulou 20 minutos depois.

Robert Wiles era um estudante de fotografia que fazia alguns bicos pelos centro de Nova York. Ao passar pela 34th Street, ele percebeu uma comoção em torno de uma limusine estacionada próxima ao Empire State, e levou exatos 4 minutos para imortalizar o momento conhecido até hoje como o mais belo suicídio da história, que inspirou obras de Andy Warhol, capas de àlbuns do mundo inteiro e até um vídeo de Taylor Swift.

Fonte: Codex99.com

O bilhete de despedida foi encontrado pelo detetive Frank Murray na carteira de Evelyn junto com seu casaco próximo a um dos parapeitos de observação do Empire State:

“Não quero que ninguém da família veja nenhuma parte de mim. Você poderia destruir meu corpo por cremação? Imploro para você e para minha família — não façam nenhum serviço fúnebre ou memorial para mim. Meu noivo pediu para que eu me case com ele em junho. Não acho que serei uma boa esposa para ninguém. Ele estará muito melhor sem mim. Diga a meu pai que tenho muitas das tendências de minha mãe.”

A foto original do suicídio de Evelyn McHale, captada por Robert Wiles. Fonte: Time.com

Sabe-se que a mãe de Evelyn era depressiva e que suas crises levaram ao divórcio, com a custódia dela e de seus 6 irmãos sendo concedida ao pai. Muito embora depressão não fosse um tema discutido nos anos 30 e 40, há alguns indícios de que Evelyn McHale pudesse estar enfrentando momentos difíceis — após se formar no colegial, ela serviu como oficial de operações de maquinário no exército em uma base em Jefferson Barracks, em St. Louis, e odiou tanto a ocupação que queimou seu uniforme assim que foi dispensada do serviço.

Ela celebrou o fim do período no exército em uma festa de ano novo em 1945, onde conheceu Barry. Eles ficaram noivos pouco tempo depois. No ano anterior a seu suicídio, ela foi dama de honra de seu futuro cunhado. Quando a cerimônia terminou, sua reação foi de jogar o vestido fora alegando “não querer ver isso nunca mais na vida”.

Barry contou a repórteres da Revista Time que “ela se preocupava com não ser boa o bastante para ser minha esposa, muito embora eu tenha dito se tratar de uma preocupação boba” — convenhamos, não é algo que se espere ouvir de um cara que acabou de perder a noiva, mas vamos deixar pra lá o fato desse Barry parecer um idiota pomposo.

Infelizmente, o desejo de Evelyn não se realizou, e longe de desaparecer do mundo sem deixar rastros, seu salto para o fim da vida foi imortalizado na história.

Barry Rhodes nunca se casou. Robert Wiles nunca mais publicou uma foto.

Evelyn em sua formatura, pouco antes de entrar no exército. Fonte: codex99.com

Fontes: time.com; codex99.com; revistazum.com.br

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